quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Hamlets (2003)





UMA DUPLA CORROSIVA Será que Deus tem sexo? E se tiver, será grande? Eis uma questão certamente difícil de responder, mas nem Diogo Infante nem Marco d’Almeida prometem dar qualquer resposta às dúvidas existenciais do público. 

Em “Hamlets”, espectáculo que estrearam anteontem no CAL - Centro de Artes de Lisboa, dão corpo a dois actores que respondem a um anúncio para entrar num filme e que, pelo meio, interpretam uma série de sketches mais ou menos cómicos. Eric Bogosian, que já tinha garantido a Diogo Infante o mega-sucesso “Sexo, Drogas & Rock’n Roll”, é o autor dos textos, que giram à volta dos seus temas de sempre: a obsessão ocidental com o dinheiro; a forma “flexível” como todos lidamos com valores morais e princípios éticos; a forma irracional como os americanos temem os árabes e os culpam de todos os males do Mundo. A esses, Diogo Infante e Marco d’Almeida acrescentaram uma piada com sabor nacional: a eterna pequenez dos portugueses, sempre dispostos a embarcar em carneiradas. Claro que nem todos os sketches são ligeiros, e nem todos fazem rir. O sketch sobre o sexo de Deus é apenas um exemplo do humor corrosivo que domina este espectáculo – mais do que o anterior “Sexo, Drogas & Rock n’Roll”. O que é que este trabalho tem a ver com o “Hamlet” do Shakespeare? Pouco, ou mesmo nada. Mas o que é que isso interessa? Ao longo de pouco mais de uma hora, Diogo Infante e Marco d’Almeida entregam--se à cada vez mais popular arte da ‘stand up comedy’, num espectáculo actual e crítico, que não deixará de agradar ao público. Para ver até 30 de Maio. 
UMA PARELHA COMO O BUCHA E ESTICA? Diogo Infante e Marco d’Almeida parecem ensaiar neste espectáculo a criação de uma nova dupla cómica, do tipo Bucha e Estica ou, falando em português, do tipo Toni e Zezé criados por António Feio e José Pedro Gomes. Diogo é Tony e Marco é Johny, dois actores desempregados de carácter completamente distinto: Tony é optimista, vaidoso, tem tendência para falar de mais e parece um bocadinho tonto. Johny é obcecado, nervoso, lento a começar mas imparável assim que ganha balanço... “Hamlets” revela o grande à vontade que Diogo Infante conquistou no registo cómico (o seu pregador é genial!), enquanto Marco d’Almeida, mais inexperiente no género, ainda parece à procura do seu tom. Dêem-lhe tempo...

Fonte: Correio da Manha

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